quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

AINDA É TEMPO

O homem que deixou a sua marca mais profunda sobre a história da humanidade, certamente foi Jesus Cristo. Passados mais de dois mil anos do seu nascimento, um quinto dos habitantes do Planeta consideram-no um Deus, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. Ou seja, aquele menino que nasceu em condições de extrema pobreza na pequenina e inexpressiva Belém, que no início de sua pregação contava apenas com doze seguidores, cujas idéias foram combatidas pelos judeus do seu tempo como heréticas e pelos romanos como subversivas, hoje possui cerca de 850 milhões de pretensos seguidores. Nem todos os que afirmam que o seguem, porém, o fazem realmente, dentro daquilo que ele pregou. O mesmo cristianismo, que há dois milênios era um anátema para os que afirmavam que o professavam, hoje dá "status". É um símbolo de distintivo social. Milhões de pessoas vêem em Jesus Cristo um mito e nada mais. Outros tantos milhares encaram-no sob um ponto de vista político. Como um líder que tinha por objetivo libertar o povo judeu do jugo romano e que consciente de que mediante a violência não conseguiria nenhum êxito contra a mais poderosa máquina de guerra daquele tempo, preferiu lançar mão do expediente da "desobediência civil". Os que o enxergam dessa forma, entendem que ele foi o precursor da "resistência passiva", pregada séculos mais tarde por Mohandas Karamanchand Gandhi, na Índia; por Martin Luther King, nos Estados Unidos e por tantos outros líderes contestadores em várias partes do mundo. Uma parcela considerável não compreende essa figura marcante da humanidade nem como um político, nem como um Deus e nem como um libertador. Vê em Jesus um profeta, um mensageiro do amor, mas não um Messias. No entanto, mesmo entre os ateus declarados (muitos dos quais dizem que o são por questão de modismo), essa divindade que se fez homem é respeitada pela projeção que soube adquirir na história.

VISÃO PARTICULAR
O cristianismo, com todos os seus dogmas, não consegue fazer com que todos os fiéis encarem Jesus Cristo da mesma maneira. Para muitos, ele não passa daquela figura estereotipada que foi passada, através dos séculos, por pregadores inconscientes, passiva de ser subornada com promessas, velas e rezas que não passam de frases decoradas e ditas mecanicamente, sem nenhuma fé ou devoção. Não são poucas as pessoas que praticam a religião como se esta fosse mera transação comercial. Algo feito na base de troca, do "dá cá, toma lá". Do "se o Senhor me arranjar um emprego que me proporcione grandes lucros, rezarei todos os dias dez pai-nossos e oitenta ave-marias". Ou do "se eu passar no vestibular, subirei as escadarias da igreja da Penha de joelhos" e outras propostas como estas. É óbvio que isto não pode ser considerado seriamente, como sendo religião. Pode ser, quando muito, uma tentativa de suborno da divindade.
Cristo, para nós, é um exemplo a ser imitado. Afinal, despiu-se, por um período de tempo (justamente nos anos de vida de um homem que está sujeito às maiores provas e tentações) da sua condição divina para assumir a natureza humana e demonstrar que qualquer pessoa pode sobreviver, sem que se corrompa. E que, mesmo quando não puder, é melhor perder a vida dignamente, do que se sujeitar a determinadas imposições ilusórias. Do que disputar um poder que nada pode. Do que correr atrás de riquezas que só existem na mente dos próprios indivíduos. Afinal, quem estabeleceu, por exemplo, que o ouro deve ser valioso e não um pedaço de rocha? Quem inventou o dinheiro? Quem criou toda a escala de valores comerciais? Certamente não foi nenhuma divindade!
Por isso, amigo, por que não lembrar dos desvalidos, daqueles que estão dormindo ao relento e com os estômagos apertados de fome? Ou dos que trazem o coração vazio, na falta de uma palavra amiga, de um gesto de compreensão ou de um ato solidário? Ou dos alienados, que vivem como autônomos, sem noção alguma de quem são, para que existem ou para onde vão?
Que tal tentar descobrir o Cristo verdadeiro, que não participa de manobras políticas, não está aberto a subornos e nem é somente o personagem de uma gravura ou de uma escultura em que aparece pregado na cruz, mas sim a Luz que ilumina o nosso espírito e o nosso caminho?
(Este texto foi escrito por Pedro J. Bondaczuk)

Nenhum comentário:

Postar um comentário